A minha vida inteira eu sempre fui muito desconfiada de tudo e todos. Eu só não sabia que eu seria capaz de multiplicar essa desconfiança ao longo da vida. É que as coisas simplesmente acontecem, fazendo com que eu acredite cada dia menos no valor das pessoas.
Estamos na era dos relacionamentos descartáveis, de pessoas descartáveis, de sentimentos perdidos, do egoísmo. Uma época em que ninguém dá valor a ninguém. Ninguém se preocupa com os sentimentos dos outros e isso acaba criando um sentimento de “ah, se ele não liga, pq eu vou ligar?”. E é assim que corações são quebrados, amizades são desfeitas, famílias se separam... Tá certo que nem todo mundo é assim, mas como separar o joio do trigo?
O que acontece é que as pessoas acabam se fechando nos seus próprios mundos, impedindo que outros entrem. É bem como disse alguém não importante, “meu mundo ta fechado pra visitação”. Por muitos anos, esse foi o meu lema de vida. E quando eu percebi que eu não queria mais viver assim, eu tive medo. Medo que vem diminuindo com o tempo.
Sempre que passo a confiar em alguém ou a me importar demais, acho que essa pessoa, mais cedo ou mais tarde, vai me machucar. Mas aí é que ta: eu não posso fazer nada a respeito disso. Eu mudei muito nos últimos anos, por incrível que pareça, a mudança se intensificou depois de um porre que eu tomei em que me foram ditas muitas verdades sobre o meu modo de viver e as chances que desperdicei. E eu agradeço o meu primo por ter enchido meus ouvidos com coisas que eu só pude entender depois da ressaca.
Sim, as pessoas vão me machucar. Mas não é por isso que eu tenho que ter medo delas. Cada decepção é uma lição de vida, mesmo que muito dolorosa. Acabo por aprender com os erros dos outros e tentar viver de um modo melhor.
Foi quando eu resolvi deixar uma brecha na minha ‘cápsula-mundo’, que eu descobri que poderia me aproveitar disso e ser mais feliz.